Operadoras de telecom fecham 2024 com resultados mistos e desafios no cenário econômico
Os balanços financeiros de 2024 das principais empresas de telecomunicações que atuam no Brasil — Claro, V.tal, Vivo (Telefônica Brasil) e TIM — mostram um panorama de contrastes entre crescimento operacional, avanços tecnológicos e fragilidades no desempenho financeiro.
A Claro registrou receita líquida de R$ 48,9 bilhões, alta de 6,9% sobre 2023, impulsionada pela expansão no segmento móvel (+9,4%), liderança em portabilidade e aumento do ARPU. O EBITDA cresceu 10,6%, alcançando R$ 21,8 bilhões, com margem de 44,5%. Apesar disso, a operadora amargou prejuízo de R$ 1,3 bilhão, revertendo lucro de R$ 3 bilhões no ano anterior, devido a um resultado financeiro negativo recorde de R$ 11,5 bilhões, reflexo da alta de juros, maior endividamento e ausência de receitas extraordinárias que beneficiaram exercícios anteriores.
A V.tal, operadora de redes neutras, apresentou forte crescimento: receita líquida de R$ 7,8 bilhões (+33,1%) e EBITDA de R$ 4,3 bilhões (+28,3%), com margem de 55%. O lucro líquido mais que dobrou (+124,1%), chegando a R$ 864 milhões. A dívida líquida caiu 77,5%, para apenas R$ 88,6 milhões, o que representa alavancagem de 0,02x — considerada extremamente confortável. No entanto, a participação dos gastos com pessoal no valor adicionado caiu de 12,1% para 9,0%.
A Vivo (Telefônica Brasil) encerrou 2024 com receita líquida de R$ 55,8 bilhões, alta de 7,2%, puxada pelo segmento móvel, responsável por 75% do faturamento. O EBITDA somou R$ 22,9 bilhões (+7,3%), com margem de 41%. O lucro líquido atingiu R$ 5,6 bilhões (+10,3%). A dívida líquida recuou 2,7%, para R$ 13,8 bilhões, mantendo alavancagem baixa (0,60x). A companhia emprega 33,1 mil trabalhadores diretos e mais de 100 mil terceirizados, proporção de 3 terceirizados para cada direto.
Já a TIM registrou receita líquida de R$ 25,4 bilhões (+6,6%) e EBITDA de R$ 12,6 bilhões (+5,8%), com margem de 49,6%. O lucro líquido foi de R$ 3,16 bilhões (+17,1%), enquanto a dívida líquida caiu 11,7%, para R$ 9 bilhões, reduzindo a alavancagem para 0,71x. O número de trabalhadores diretos caiu 1%, para 9,5 mil.
O cenário demonstra que, apesar de avanços na rentabilidade operacional e consolidação de tecnologias como o 5G e redes de fibra óptica, o setor enfrenta pressões financeiras significativas — no caso da Claro, com impacto direto no resultado final — e mudanças na estrutura de emprego, com crescente presença de terceirizados nas operações.